Por Fernando Teixeira, de São Paulo
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quinta-feira que o governo vai prorrogar a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para produtos da linha branca (geladeiras, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos), até 31 de janeiro de 2010. Contudo, diferentemente do que aconteceu em abril, quando a medida foi adotada, a isenção contemplará, a partir de 1º de novembro, produtos que têm selos de qualidade que garantem o menor consumo de energia. Segundo o governo a desoneração custará R$ 132,1 milhões.
“O grande objetivo do governo é possibilitar ao consumidor brasileiro, principalmente os de renda mais baixa, o acesso a esses produtos, como máquinas de lavar, pois 60% da população não têm máquina de lavar e tanquinho”, disse o ministro durante o anúncio.
Na visão de Ricardo Pastore,coordenador do núcleo de varejo da ESPM, uma das batalhadoras pela continuidade do imposto reduzido foi Heloisa Trajano, presidente da rede Magazine Luiza e do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo. A empresária destacou em coletiva que 60% do movimento do varejo acontece nessa época do ano e que sua rede deve fazer cerca de 10% de contratações temporárias com base no quadro já existente neste final de ano.
O especialista em varejo aponta que o desconto atinge a população com menor renda. “É o movimento da classe média- baixa comprando a primeira geladeira, a primeira máquina. O importante é ter crédito para sustentar o movimento”.
Pastore diz que o mercado deve continuar aquecido, embora a medida não tenha surtido efeitos parecidos como aconteceu com os automóveis. “A retomada do consumo é rápida e existe uma expectativa boa para o Natal e o começo do ano que vem. Vamos ver se as redes varejistas repensarem as polícias comerciais e estratégias de vendas para entender melhor o consumidor”.
Ele acredita que o mercado tem de olhar melhor para o porte do mercado nacional e eliminar a dependência governamental para manter o consumo vivo. “O que pode acontecer para melhorar o varejo é a abertura de novas lojas e o surgimento de novas redes”.
Uma das redes que apostam no final do ano e na redução do IPI é o Baú Crediário. Segundo o diretor de varejo do Grupo Silvio Santos, Décio Pedro Thomé, a medida dá um reforço para o final de ano, quando as vendas já estão alavancadas pela entrada do dinheiro do 13º salário no mercado. “Nesta época, as pessoas aproveitam para trocar seus eletrodomésticos, como geladeira e fogões, por exemplo. Sem contar que a redução entra também em janeiro, quando muita gente está em período de férias e quer começar o ano com coisas novas”, diz.
Thomé enxerga que a medida de redução do IPI foi abrangente e ajudou na manutenção de empregos nas duas pontas: indústria e comércio. “O governo acertou em duas vezes, em abril e agora com a prorrogação da medida. Além do que, garante a compra de aparelhos que economizem energia elétrica”.
Para o executivo, a modificação de isentar apenas produtos de menor consumo de energia não é de todo ruim. “Entendemos que o ano de 2009 foi de crise, mas observamos sinais de melhora, principalmente no último quadrimestre. Apostamos no ano que vem em recuperação da economia”.
O diretor do Grupo Silvio Santos entende que é necessário que o governo revise a carga tributária do País. “A cadeia de impostos é alta demais e se quisermos dar conforto, na linha casa, o que engloba linha branca e móveis, será necessário reduzir a cadeia de impostos”.