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BNDES deve conceder crédito para setor de pesca

14/04/2011

Fernando Teixeira

"Eu tenho brincado que o orçamento do ministério é quase o de um aquário" - Ideli Salvatti

SÃO PAULO – A ministra da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvatti, anunciou nesta quinta-feira, durante encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) deverá financiar projetos para o setor e fomentar a produção de pescado. A meta do Ministério é ampliar a produção industrial de pescado dos atuais 1,2 milhão de toneladas por ano para 7 milhões de toneladas por ano.

Segundo Ideli, o BNDES já fez estudo para financiar atividades no setor. “Até hoje o banco de fomento nunca concedeu empréstimo para projetos de aquicultura e pesca, pois nunca fez cálculos do potencial do setor”. Contudo, não revelou de quanto seria a linha de crédito.

Pelos cálculos do novo Ministério e do BNDES, para cada R$ 100 investidos no ano, o retorno é de R$ 25. “Não adianta financiar uma fábrica de ração se não financiar o restante da cadeia. Os financiamentos são vistos com bons olhos por darem rápido retorno”, ressaltou.

Um dos incentivos que o governo deve oferecer a cadeia do pescado é na área de ração, apontado por Ideli como deficitário. “Vamos fazer para desonerar, ainda que por um período, os impostos para o setor de ração. A partir do momento que tivermos a regulamentação da pesca turística vamos estudar as mesmas possibilidades.”

Um dos projetos que deve ser contemplado pelo banco de fomento, segundo a ministra, é a quadruplicação da produção de peixes no Acre. “Além disso, temos seis projetos para implantar parques aquicolas em hidroelétricas”. O objetivo dos projetos pilotos é criar linhas de financiamento fixas dentro do BNDES.

Para driblar o pequeno orçamento do Ministério, Ideli busca parcerias. “Eu tenho brincado que o orçamento do ministério é quase o de um aquário, depois dos cortes que acontecerem no começo do ano. Mesmo assim, temos sucesso nas parcerias como a organização dos investimentos”. O Comitê da Cadeia Produtiva da Pesca e da Aquicultura da Fiesp deve se reunir mensalmente em reuniões deliberativas.

De acordo com o Ministério, a pesca, em todo o mundo, é a atividade de proteína animal que mais cresce no mundo. “Aqui no Brasil, pelo tamanho da costa litorânea e por ter 13% da água doce do mundo, tem muito potencial.”

Ela cita como exemplo que nos EUA, que tem menos recursos naturais que o Brasil, o faturamento na cadeia produtiva com pesca esportiva é de US$ 60 bilhões por ano. “Vamos nos dedicar a incentivar este setor, inclusive com a produção de equipamentos no Brasil. Não falta nicho de mercado para empresários lucrarem.”

Preço

A ministra justificou o elevado preço e a ausência do pescado no Brasil pelo abandono do setor. “A indústria e a frota pesqueira não se modernizou e na questão da criação não temos áreas desenvolvidas”. Ela citou como exemplo a falta de frigoríficos para armazenar a produção. “Precisa desenvolver a questão da criação, vacinas, reprodução e equipamentos para industrializar.”

Ela não deixou de ressaltar que o Brasil tem a maior produção de bovinos do mundo. “O Ministério da Agricultura e Pecuária tem 150 anos. São anos de pesquisa, crédito e incentivos. Já o da Pesca tem um ano e meio. Estamos atrasados.”

Indústria de brinquedos considera câmbio e CLT como impeditivo para se desenvolver no Brasil

14/04/2011

Fernando Teixeira

SÃO PAULO – A desvalorização do dólar frente ao real e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) são apontados por indústrias de brinquedos como os principais fatores para o não desenvolvimento deste setor no Brasil. Para barrar a invasão de produtos chineses nas prateleiras, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) ambiciona aumentar a produção nacional em 70%. Além disso, querem que multinacionais se instalem no Brasil para aumentar a produção nacional.

O presidente da Brinquedos Estrela e diretor Abrinq, Carlos Tilkian, ressalta que o produto nacional é superior ao importado da China e que o volume de importados no mercado se deve a medidas macroeconômicas. “O gap gerado entre o valor do real perante o dólar já traz uma diferença de 40% nos custos. Soma-se a isto uma grande carga tributária, a maior do mundo. Além do que, na China existe flexibilidade nas leis trabalhistas. Aqui, as leis são do tempo de Getúlio Vargas.”

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Confira: Importadores de brinquedo não sentem medidas do governo

Tilkian destaca como entrave para o desenvolvimento das industrias de brinquedos, os incentivos dados por alguns governos estaduais. “Alguns estados fazem a isenção de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para receberem mercadorias em seus portos. Contudo, para o produto nacional há aumento de impostos. O importado não gera riquezas no Brasil. São incoerências que o setor luta para não migrar a produção para China.

Segundo o executivo, as dificuldades não atingem apenas indústrias de brinquedos, mas o setor fabril como um todo. Tanto que o setor discute com o governo medidas para tornar o Brasil mais competitivo, independentemente das variações de câmbio. “A presidenta Dilma já sinaliza com a desoneração da folha. Precisa deixar de penalizar quem gera emprego e distribuir a carga social entre empresas e produtos importados. Os produtos se beneficiam de quem está aqui, mas não gera empregos, não ajudam na educação e não sustenta a aposentadoria. O mínimo é fazer com que os importados paguem custos do INSS.”

No ano passado, cerca de 40% do faturamento da Brinquedos Estrela veio através de importações. “Embora tenhamos duas fábricas e estarmos prestes a inaugurar a terceira no nordeste, temos que abrir espaço para importar da China os produtos que tenham custos mais baixos.”

A nova fábrica será inaugurada em Sergipe, no mês de maio. A fabrica atenderá a demanda do Norte e Nordeste. Com a expectativa de fechar o ano com 20% de crescimento em 2011, a empresa apostará em lançamentos de jogos em 3-D e relançamento de clássicos como o Ferrorama.

Do lado das fabricantes de menor porte, a história e críticas ao modelo macroeconômico não são diferentes. A fabricante Calesita (antiga Rivaplast), migrou da Argentina para o Brasil há 11 anos. Embora os diretores da empresa prezem pelos produtos nacionais e evitem importar insumos e máquinas, a diretora de marketing, Analú Stefanelli, destaca ser “extremamente complicado produzir no Brasil”.

Analú relata as dificuldades de competir com os produtos importados: “O valor agregado dos nossos produtos é muito alto e o investimento em máquinas é muito caro no Brasil. Os moldes são de aço inox. Competir com os chineses é extremamente incomodo; embora a qualidade já tenha melhorado.”

A diretora avalia que além da desvantagem do câmbio, a mão de obra brasileira é muito custosa. “No Brasil temos o aumento de salário e isto reflete no preço do produto. Já na China o empregado custa menos.”

Para crescer 20% em 2011, a empresa investiu R$ 5 milhões para ampliar o centro de distribuição e melhorar a qualidade de suas máquinas. A empresa pretende focar seus esforços em mercados como o norte e nordeste. “Cerca de 10% dos nossos produtos são exportados para Argentina e Europa. Queremos abrir mais o leque de exportação, mas não devemos aumentar as importações, pois, nem sempre os preços são competitivos no nosso segmento.”

Ela argumenta que as indústrias importam produtos para melhorar o mix de produtos, embora a qualidade do produto nacional seja superior ao chinês.

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