BNDES deve conceder crédito para setor de pesca

Fernando Teixeira

"Eu tenho brincado que o orçamento do ministério é quase o de um aquário" - Ideli Salvatti

SÃO PAULO – A ministra da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvatti, anunciou nesta quinta-feira, durante encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) deverá financiar projetos para o setor e fomentar a produção de pescado. A meta do Ministério é ampliar a produção industrial de pescado dos atuais 1,2 milhão de toneladas por ano para 7 milhões de toneladas por ano.

Segundo Ideli, o BNDES já fez estudo para financiar atividades no setor. “Até hoje o banco de fomento nunca concedeu empréstimo para projetos de aquicultura e pesca, pois nunca fez cálculos do potencial do setor”. Contudo, não revelou de quanto seria a linha de crédito.

Pelos cálculos do novo Ministério e do BNDES, para cada R$ 100 investidos no ano, o retorno é de R$ 25. “Não adianta financiar uma fábrica de ração se não financiar o restante da cadeia. Os financiamentos são vistos com bons olhos por darem rápido retorno”, ressaltou.

Um dos incentivos que o governo deve oferecer a cadeia do pescado é na área de ração, apontado por Ideli como deficitário. “Vamos fazer para desonerar, ainda que por um período, os impostos para o setor de ração. A partir do momento que tivermos a regulamentação da pesca turística vamos estudar as mesmas possibilidades.”

Um dos projetos que deve ser contemplado pelo banco de fomento, segundo a ministra, é a quadruplicação da produção de peixes no Acre. “Além disso, temos seis projetos para implantar parques aquicolas em hidroelétricas”. O objetivo dos projetos pilotos é criar linhas de financiamento fixas dentro do BNDES.

Para driblar o pequeno orçamento do Ministério, Ideli busca parcerias. “Eu tenho brincado que o orçamento do ministério é quase o de um aquário, depois dos cortes que acontecerem no começo do ano. Mesmo assim, temos sucesso nas parcerias como a organização dos investimentos”. O Comitê da Cadeia Produtiva da Pesca e da Aquicultura da Fiesp deve se reunir mensalmente em reuniões deliberativas.

De acordo com o Ministério, a pesca, em todo o mundo, é a atividade de proteína animal que mais cresce no mundo. “Aqui no Brasil, pelo tamanho da costa litorânea e por ter 13% da água doce do mundo, tem muito potencial.”

Ela cita como exemplo que nos EUA, que tem menos recursos naturais que o Brasil, o faturamento na cadeia produtiva com pesca esportiva é de US$ 60 bilhões por ano. “Vamos nos dedicar a incentivar este setor, inclusive com a produção de equipamentos no Brasil. Não falta nicho de mercado para empresários lucrarem.”

Preço

A ministra justificou o elevado preço e a ausência do pescado no Brasil pelo abandono do setor. “A indústria e a frota pesqueira não se modernizou e na questão da criação não temos áreas desenvolvidas”. Ela citou como exemplo a falta de frigoríficos para armazenar a produção. “Precisa desenvolver a questão da criação, vacinas, reprodução e equipamentos para industrializar.”

Ela não deixou de ressaltar que o Brasil tem a maior produção de bovinos do mundo. “O Ministério da Agricultura e Pecuária tem 150 anos. São anos de pesquisa, crédito e incentivos. Já o da Pesca tem um ano e meio. Estamos atrasados.”

Explore posts in the same categories: jornalismo

Tags: , , , , ,

You can skip to the end and leave a response. Pinging is currently not allowed.

Deixe um comentário